A temporada de chuvas está chegando e, com ela, os perigos de rodar com o piso molhado. Nessas condições, tudo é diferente, pois a aderência do piso cai drasticamente, exigindo cuidado e suavidade nas acelerações e frenagens para que a moto não escorregue. Isso se aplica sobretudo nas curvas e mudanças bruscas de trajetória.
A visibilidade também fica seriamente comprometida, pois a água “borrifada” pelos pneus dos caminhões e carros reduz o campo de visão — não só o torna menos visível para os veículos à volta, como diminui o seu campo de visão, já que a viseira do capacete acumula água e sujeira.
Os cuidados, então, devem ser tomados logo nos primeiros pingos d’água. Isso porque, quando o asfalto começa de fato a ficar molhado, a sujeira acumulada – areia, poeira, resíduo de poluição, combustíveis e outros – se mistura à água, formando assim uma “pasta” escorregadia. Nessa situação, para sua segurança, a melhor coisa a fazer é esperar alguns minutos até que a chuva “lave” o asfalto e a aderência melhore.
Mas, infelizmente, os perigos são muitos e não param por aí. Podem estar onde você jamais imaginaria encontrá-los, como nas faixas de sinalizações pintadas no asfalto. Criadas para organizar e orientar o trânsito, elas – absurdamente! – também podem ser um risco ao motociclista, já que a tinta utilizada oferece um acabamento extremamente liso, se tornando um verdadeiro “sabão” quando molhada. Mais grave que isso é quando tais faixas perdem sua função, pois algumas das empresas responsáveis pela manutenção de vias públicas optam pela solução mais fácil, que é simplesmente cobri-las com uma tinta preta (igualmente escorregadia), “camuflando” o perigo de tal forma, que os motociclistas não conseguem identificá-las em dia de chuva. Por isso, redobre a atenção ao fazer curvas ou realizar frenagens mais fortes.
Quem depende da moto para trabalhar normalmente não pode se dar o luxo de ficar em casa quando o céu está preto, anunciando um temporal. Faça chuva ou faça sol, o tempo não para. E o serviço também não. Atravessar ruas, avenidas ou estradas alagadas pode ser mais perigoso do que pensa, já que a água torna impossível enxergar se à frente existem buracos ou até mesmo bocas-de-lobo (aquelas escorregadias tampas metálicas no meio da rua) abertas. A correnteza da água é outro fator que jamais pode ser ignorado. Aparentemente as enxurradas rentes às calçadas parecem ser fracas, mas podem levá-lo ao chão. Nas correntezas em avenidas largas, a situação é muito pior, e o prejuízo causado pela insistência em casos como esses pode ser bem maior do que uma simples perda material. Então, o jeito é se vestir adequadamente e cair no mundo, mas não antes de tomar algumas precauções.
Além de diminuir a visibilidade dos motoristas, a chuva deixa as pistas bastante escorregadias e forma poças d'água em vias esburacadas - o que não falta nas cidades. Tudo isso é sinal de perigo, portanto, definitivamente, a regra número um é reduzir a velocidade.
Em alguns casos também é importante ligar a luz baixa do farol e aumentar a distância do veículo à frente, pois com as ruas molhadas a frenagem fica mais lenta. Isso acontece graças ao disco de freio, que quando molhado apresenta um breve retardo. Nesse caso, é comum o motociclista pressionar ainda mais o manete, e é exatamente aí que acontecem as quedas, já que essa atitude faz com que as pastilhas deslizem e sequem rapidamente, bloqueando a roda.
Manobras bruscas, então, nem pensar! Elas também podem travar as rodas e fazer com que a moto derrape por falta de aderência ao solo, que ocorre quando a chuva forma uma camada chamada aquaplanagem, impedindo o contato do pneu com o asfalto.
Quando estiver na cidade, evite o canto interno das curvas. É lá que fica a sujeira varrida pela água e também onde circulam os veículos pesados, geralmente acumulando óleo e combustíveis na pista, que são um verdadeiro sabão quando molhados.
Outras dicas importantes
- Evite os primeiros minutos da chuva. É nesse período que a água lava a pista, retirando os resíduos que podem ser ainda mais escorregadios;
- Tente seguir as marcas deixadas pelos pneus dos carros para garantir um pouco mais de aderência;
- Não deite a moto nas curvas. Saia levemente do banco, compensando a inclinação;
- Drible as poças d'água, pois elas podem esconder perigos maiores, como buracos e pedras;
- Não use os freios bruscamente.
E BONS HÁBITOS TAMBÉM PODEM AJUDAR
Convenhamos que os perigos de pilotar na chuva sempre existiram e não vão sumir. O que resta fazer, além de reclamar das roupas molhadas e da moto suja, é se preparar para os dias chuvosos e mudar os hábitos de pilotagem.
Para evitar acidentes, um bom começo é ser prudente e pilotar com 100% de atenção o tempo todo. Dessa maneira você consegue não só identificar situações de perigo iminente, como tem mais tempo para reagir a elas.
Outra atitude é reduzir a velocidade e aumentar a distância em relação aos veículos à sua volta. Afinal, com o piso mais escorregadio, a distância necessária para frear e parar uma motocicleta é bem maior do que nas condições de piso seco.
A água no asfalto é responsável por quase 50% da perda de aderência do pneu. Procure, então, rodar em cima das faixas mais secas deixadas pelos pneus dos veículos à sua frente. Com isso, o pneu de sua moto poderá escoar a água que restou com maior eficiência, aumentando a aderência.
Se passar por uma área alagada for inevitável, antes de tudo se certifique que a moto está em condição de fazê-lo. O cachimbo da vela de ignição deve estar firme e encaixado corretamente. Já a altura da água não pode ser superior à altura das entradas de ar da caixa de filtro, pois, se a água entrar por elas, seu motor irá literalmente “morrer afogado”.
Quando estiver na água, use a primeira marcha e mantenha a aceleração constante numa rotação elevada, mas em baixa velocidade. Se o escapamento de sua moto estiver submerso, em hipótese alguma desacelere a motocicleta; caso contrário, a água pode entrar no motor por meio do próprio escapamento.
Após situações extremas como essa, o ideal para manter a moto em ordem é trocar tanto o óleo quanto o filtro do motor.